Attenberg é um filme que é pouco comentado, mas que de fato merece atenção. Boa parte disso se deve ao fato das pessoas não saberem ao certo o gênero “estranha onda grega” e tampouco sobre a diretora do longa, a Athina Rachel Tsangari. Muitas pessoas acreditam que Attenberg é de Yorgos, mas na verdade ele apenas faz uma atuação no longa.
Se você não faz a menor ideia do que seja a estranha onda grega, vou tentar explicar brevemente: trata-se de um gênero contemporâneo de cinema oriundo na Grécia após a crise que o país enfrentou a partir dos anos 2000. Em suma, os filmes abordam famílias desfuncionais, crises psicólogas, estranhamento, aversão aos padrões da sociedade, exploração de novas vivências (ênfase sexual) entre outros. De fato, não é todo mundo que gosta desse gênero, mas vale a pena conhecer.
Em Attenberg conhecemos Marina (interpretada por Ariane Labed), uma mulher que mora e cuida do pai extremamente doente em uma cidade industrial. Devido a essas condições, ela fica reclusa ou seja, não socializa com as outras pessoas (exceto com a amiga Bella). Marina então fica a mercê de almejar as descobertas da vida e cuidar do pai doente, e a amiga Bella (Evangelia Randou) ajuda nesse processo com a prática de beijos (cena presente no início do filme e trailer inclusive).
Attenberg trata-se de um filme de descobertas e conflitos, uma pessoa que não tem contato com a sociedade, não possui um discernimento do que seria socialmente aceito e tampouco de atitudes polidas. Attenberg subverte isso de maneira provocadora e de certa forma cômica também (o humor é causado pela estranheza no caso). Com uma premissa relativamente simples, a trama se desenvolve para algo mais complexo do que estamos assistindo, que exige do espectador um exercício de empatia e ao mesmo tempo de desconstrução interna do que seria estranho e comum.
De fato é uma pena que esse filme não seja tão conhecido, creio que pelo próprio fato do filme ser dirigido por uma mulher (os homens levam os créditos facilmente em um mundo patriarcal) e também por ser feito em 2010, e ser feito na Grécia (o cinema grego não é tão conhecido pela massa, é mais o cinema norte americano mesmo). Em suma, é um filme que não irá agradar a todos porque possui um ritmo lento mas com excelentes atuações e uma fotografia belíssima, mas vale a pena assistir como próprio exercício de desconstrução de pensamento. Mulheres diretoras sempre abordam sexualidade, conflitos e papéis sociais de gênero de uma maneira bem diferente dos homens, por causa disso que sim, eu indico você assistir Attenberg.
O longa possui nota 6,2 de 10 no IMBD (considerado na média) mas se eu pudesse avaliar em uma nota de zero a cinco eu daria 3.