Projeto A Sala

O Palhaço

o palhaço

Críticas O Palhaço Por Danielle Delaneli “O Palhaço”, dirigido por Selton Mello e lançado em 2011, é uma obra que transcende a superficialidade da comédia que seu título pode sugerir. A narrativa gira em torno de Benjamim, um palhaço que se vê em um profundo dilema existencial ao perceber que sua vida no circo não traz a felicidade enseada. Mello, com sua sensibilidade e poesia, nos convida a refletir sobre a busca pela identidade e as dificuldades de se encontrar em um mundo que muitas vezes exige que usemos máscaras. A atuação de Selton Mello como Benjamim é, sem dúvida, um dos pontos altos do filme. Ele consegue transmitir uma gama impressionante de emoções, alternando entre a alegria contagiante do palhaço e a profunda tristeza e solidão que o personagem enfrenta fora dos holofotes. A química entre ele e os outros membros do circo, especialmente com o personagem interpretado por Paulo José, enriquece ainda mais a trama. Essa interação traz à tona questões sobre amizade, amor e o inexorável passar do tempo, revelando nuances das relações humanas que são frequentemente ignoradas. Os diálogos carregados de significado e as trocas emocionais entre os personagens nos fazem refletir sobre as complexidades da vida em comunidade.   A cinematografia também merece destaque. As paisagens do interior do Brasil são capturadas com uma beleza sutil, criando um contraste marcante entre o vibrante mundo do circo e a melancolia da vida cotidiana. Cada cena é cuidadosamente composta para refletir essa dualidade: as cores vibrantes do circo se opõem à paleta mais sombria da realidade de Benjamim. A trilha sonora, repleta de músicas nostálgicas e emocionais, complementa perfeitamente a narrativa, imergindo o espectador na jornada emocional do protagonista. As melodias evocativas não apenas intensificam os momentos de alegria, mas também acentuam a tristeza nas passagens mais introspectivas.  Uma das grandes belezas de “O Palhaço” é a forma como ele aborda a solidão e a busca por aceitação. O protagonista, o palhaço, é uma representação perfeita da ideia de que, muitas vezes, as pessoas precisam usar uma “máscara” para esconder suas verdadeiras emoções. Isso ressoa com muitos de nós, que às vezes sentimos a necessidade de parecer felizes e fortes para o mundo, mesmo quando estamos passando por momentos difíceis. A relação dele com sua família e os outros artistas do circo também traz à tona a importância das conexões humanas. O filme mostra como o apoio emocional e a compreensão mútua podem ser fundamentais para enfrentar as dificuldades da vida. As cenas em que ele tenta se reconectar com sua essência, buscando um propósito além da comédia, são especialmente tocantes. Outro aspecto interessante é o uso do humor como uma forma de lidar com a dor. O filme nos lembra que rir, apesar dos desafios, pode ser uma maneira de aliviar o peso emocional que carregamos. Essa dualidade entre a alegria e a tristeza é algo que muitos de nós experimentamos no dia a dia. O riso torna-se um mecanismo de defesa contra as adversidades da vida; no entanto, também revela vulnerabilidades que todos nós compartilhamos.  Além disso, “O Palhaço” aborda temas universais como a busca pela felicidade e o medo da solidão. Essa dualidade entre riso e tristeza reflete a condição humana de maneira profunda, permitindo ao espectador identificar-se com as lutas internas de Benjamim. O filme nos lembra que muitas vezes as pessoas mais alegres são aquelas que escondem suas próprias dores — uma mensagem poderosa e extremamente relevante nos dias de hoje. Em suma, “O Palhaço” é uma verdadeira obra-prima do cinema nacional que combina humor e melancolia de maneira excepcional. Selton Mello entrega uma performance inesquecível em um filme que ressoa com todos nós, independentemente das nossas experiências pessoais. É uma reflexão sobre os papéis que desempenhamos na vida e as verdades que frequentemente ocultamos sob nossas próprias máscaras. Se você ainda não assistiu, vale muito a pena conferir essa joia cinematográfica! O Projeto A Sala afirma que todos os textos do site são de responsabilidade do próprio autor.

Um Filme de Cinema (2017)

filme de criança

Críticas Um filme de cinema (2017) Crianças sendo crianças… Sem spoiler Por Ricardo Rodrigues Tive a oportunidade de assistir esse filme na estreia em 2023 e não estava com altas expectativas, mas fui surpreendido… Esse é um daqueles filmes que é indicado para toda a família assistir principalmente em uma era onde as crianças ficam no celular e em vícios de dopamina, esse filme nos mostra como uma opção saudável para entreter os pequenos.  Com uma premissa simples, conhecemos Bebel que é filha de um diretor de cinema com uma carreira parada. A professora de Bebel decide passar uma tarefa para casa para os alunos realizarem uma obra de arte com tema livre (pode ser uma pintura, escultura, fotografia, música, teatro etc). Curiosa e aventureira, Bebel decide reunir seu grupo de amigos para realizar um filme, mas ao pedir ajuda do pai, ele reluta no início. A insistência da garota acaba convencendo o pai, que entrega para ela uma câmera para ela registrar o dia a dia, mas as crianças vão além e deixam a imaginação solta. O resultado disso? Um filme de criança para o cinema. O roteiro foi muito elaborado pois contém humor leve, drama, reviravoltas tudo na medida certa (além de muita informação, ao contar a história do cinema de maneira lúdica). A direção foi magistral também, apesar do final ser “previsível” isso não tira a magia da obra – que adulto nunca se sentiu perdido no trabalho? Mas as vezes, coisas surpreendentes  acontecem que nos ajudam de maneira inesperada (o final do filme mostra isso). A metalinguagem abordada é muito inteligente pois trata-se um filme que fala sobre… Filmes! Esse é um filme inspirador, que motiva as pessoas a olharem para as coisas de uma maneira diferente, que provoca curiosidade, estimula a imaginação e principalmente o “faca você mesmo”, para quem tem contato com alguma criança, eu diria que é um filme essencial. Sobre a fotografia, é belíssima: tem um toque de animação, cenas do cinema em preto e branco, mesclados com super 8 e câmeras VCR… É um filme muito bonito, essas características garantem a imersão do espectador na obra, quando Bebel segura a câmera, vemos trepidações, ângulos tortos que realmente parecem uma criança segurando câmera.  Apesar dos personagens serem bem caricatos: o pai por exemplo é um “sonho”, ele é amável, respeitado, gentil, engraçado (igual um conto de fadas). O personagem que trabalha na escola (zelador) é meio bobo e brincalhão com as crianças, estes personagens por exemplo são carismáticos suficiente para que o espectador fique admirado e torça por eles (aliás, esse filme não existe nenhum vilão, o que é bem interessante). Apesar do filme ter lançado em 2017, sua estreia só ocorreu em 2023 (ou seja, as crianças do elenco já não eram “tao crianças assim” com o lançamento) e isso aconteceu devido ao coronavirus e o cinema independente, que precisava de apoio e incentivo (novamente igual a metalinguagem aplicada no filme, o pai de bebel está trabalhando em um projeto que está “parado” por causa desses fatores). Um filme de cinema vale muito a pena ser assistido, para toda a família. Principalmente se você quer que as crianças não fiquem tão fissuradas nas telas e desejam estimular a criatividade. O Projeto A Sala afirma que todos os textos do site são de responsabilidade do próprio autor.

Cinema Paradiso

Cinema Paradiso

Críticas Cinema Paradiso: Uma Ode à Magia do Cinema e à Nostalgia da Infância Por Danielle Delaneli Cinema Paradiso, dirigido por Giuseppe Tornatore, é um dos filmes mais emblemáticos da história do cinema. Lançado em 1988, o filme não apenas captura a essência da sétima arte, mas também evoca uma profunda nostalgia pela infância e pela simplicidade da vida em uma pequena cidade italiana. Através de uma narrativa rica e emocional, o filme se torna mais do que uma simples história; é uma celebração do amor pelo cinema e das memórias que ele cria. A trama gira em torno de Salvatore Di Vita, um renomado diretor de cinema que retorna à sua cidade natal após a morte de Alfredo, o projetista do cinema local. A história se desenrola em duas linhas temporais: a infância de Salvatore nos anos 1940 e sua vida adulta como cineasta. Essa estrutura narrativa permite que o espectador experimente a evolução do personagem e a transformação da arte cinematográfica ao longo do tempo. Os temas centrais do filme incluem a nostalgia, a perda e o poder do cinema como forma de escapismo. A relação entre Salvatore e Alfredo é profundamente comovente; Alfredo atua como mentor e figura paterna para Salvatore, ensinando-o sobre os filmes e a magia que eles trazem às vidas das pessoas. Através dessa relação, Tornatore explora como as experiências da infância moldam nossas identidades e paixões. A cinematografia de Cinema Paradiso é uma das suas grandes conquistas. A fotografia captura a beleza da Sicília, desde as paisagens ensolaradas até os interiores acolhedores do cinema. As cenas do cinema em si são particularmente memoráveis, repletas de luz e sombras que refletem as emoções dos personagens. A música de Ennio Morricone complementa perfeitamente a narrativa, evocando sentimentos de saudade e alegria. Os personagens são ricamente desenvolvidos. Salvatore, interpretado por Salvatore Cascio na infância e por Marco Leonardi na adolescência, é um protagonista com o qual é fácil se identificar. Sua curiosidade e amor pelo cinema são palpáveis, e sua evolução ao longo do filme é comovente. Alfredo, interpretado magistralmente por Philippe Noiret, é uma figura paternal que representa a sabedoria e a paixão pelo cinema. A dinâmica entre os dois personagens é o que realmente dá vida à história. Um dos aspectos mais fascinantes do filme é sua reflexão sobre o próprio ato de assistir filmes. O cinema é apresentado como um espaço sagrado onde as pessoas se reúnem para sonhar e escapar da realidade. As cenas que mostram o público reagindo aos filmes projetados no “Paradiso” são especialmente poderosas, ilustrando como o cinema pode unir as pessoas em torno de experiências compartilhadas. Além disso, aborda a transição tecnológica no cinema, simbolizada pela mudança dos projetores de filme para os sistemas digitais. Essa mudança representa não apenas uma evolução técnica, mas também uma perda da autenticidade e da magia que caracterizavam os cinemas antigos. Embora tenha sido amplamente aclamado, algumas críticas apontam que o filme pode ser excessivamente sentimental em certos momentos. No entanto, essa sentimentalidade é, na verdade, uma das suas maiores forças, pois permite que o público se conecte emocionalmente com a história. O legado de Cinema Paradiso é inegável. O filme não apenas conquistou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, mas também se tornou um clássico cult, influenciando gerações de cineastas e amantes do cinema. Ele nos lembra da relevância da arte e da narrativa, e de como essas experiências moldam nossas vidas. É uma história que ressoa com qualquer amante da sétima arte. Ela nos lembra da importância das memórias e das relações que formamos ao longo da vida. Através de sua narrativa comovente, estética deslumbrante e trilha sonora inesquecível, Tornatore nos convida a refletir sobre nosso próprio relacionamento com o cinema e como ele molda nossas histórias pessoais. Cinema Paradiso é mais do que um filme; é uma reflexão sobre a vida, a amizade e a paixão pelo cinema. Através de sua narrativa envolvente, personagens memoráveis e uma estética deslumbrante, Tornatore nos convida a revisitar nossas próprias memórias e a celebrar a magia do cinema. É uma obra-prima que continua a tocar o coração de todos que a assistem, provando que a arte tem o poder de transformar nossas experiências e nos conectar de maneira profunda e emocional. Através das lembranças de Salvatore e sua relação com Alfredo, somos lembrados de que o cinema não é apenas uma forma de entretenimento, mas uma janela para a alma humana, capaz de capturar as nuances da vida e da passagem do tempo. Cinema Paradiso nos ensina que, mesmo diante das mudanças inevitáveis, as memórias que criamos e as emoções que sentimos permanecem eternas. Assim, a magia do cinema se perpetua, unindo gerações e inspirando sonhos. É um convite para nunca deixarmos de sonhar e para sempre celebrarmos as histórias que nos moldam. Não é apenas um tributo ao passado; é uma declaração atemporal sobre o poder do cinema para tocar nossas vidas de maneiras imensuráveis. O filme permanece relevante até hoje, continuando a inspirar novas gerações a sonhar com as possibilidades infinitas que a arte pode oferecer. O Projeto A Sala afirma que todos os textos do site são de responsabilidade do próprio autor.

Cinderela Baiana (1998)

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Críticas Cinderela Baiana (1998) Um clássico do cinema brasileiro? Por Ricardo Rodrigues Já que está todo mundo falando de Emília Perez, decidi falar sobre o filme da Carla Perez (a “loira do tchan”) que fez um certo sucesso nos anos 90 e início dos anos 2000. Apesar de ser realizado com baixo orçamento, ter atuações extremamente caricatas e engessadas, um roteiro pobre em diálogos, esse filme tem um lugar especial em trazer a primeira atuação da carreira de Lázaro Ramos (que hoje é considerado um dos grandes atores do Brasil). A premissa é bem simples, focada na história da Carla Perez que é tratada como um conto de fadas, semelhante a história da cinderela… Carla teve umainfância sofrida com a família no interior, mas conseguiu prosperar (tal qual cinderela) mas passou por várias dificuldades até alcançar o sucesso, no entanto, o filme foca mais em promover a “loira do tchan” do que em mensagens profundas e o tom dramático. Sem querer dar spoilers, esse filme é uma mescla de influências cômicas principalmente dos “trapalhões” (programa clássico de comédia no Brasil).Mesmo as cenas que se propõe em ser mais dramática, são tão absurdas que chegam a ser cômicas… O fato de Carla estar sempre dançando a todomomento, enfatiza isso (deixando um ar de estranheza ao espectador). Por mais incrível que pareça, cinderela baiana é um filme que de fato foi realizadono Brasil, por um diretor brasileiro, com atores brasileiros (diferente de Emília Perez, onde o diretor é Francês realizando um filme mexicano sem nenhumator mexicano no elenco). O longa possui uma hora de vinte cinco minutos, mas a história é arrastada (o filme parece ter mais tempo que isso). A maioria das cenas são de dança –focada na Carla Perez e com uma sonoridade péssima (ressalto novamente que o filme foi realizado com baixo orçamento. Uma prova disso é escrever opróprio título errado, “bahiana” aparece com H). Apesar as péssimas atuações, elas nos causam a intenção de verdade… Quero dizer, “o vilão” da história, tem a intenção de vilão – gritando , gesticulando, tal qual nos filmes e programas infantis. A mocinha da história (Carla) é simpática e bondosa, ficamos torcendo para que ela consiga superar os desafios que aparecem (diferente de Emília Perez, que as atuações são engessadas e não passam verdade ao espectador). Os anos 90 e início dos anos 2000 foram praticamente um surto coletivo, quem viveu essa época sabe as coisas absurdas que passavam na televisão aberta (existia internet mas não era tão disseminada como hoje). Portanto, cinderela baiana além de ser nostálgico, é o puro suco dessa época. Se você quiser assistir, o filme está disponível integral no YouTube (com baixa resolução de imagem) mas é melhor do que assistir Emília Perez – um filme de musical com péssimas músicas, espanhol vergonhoso e situações de vergonha alheia. Leia Também Orfeu Negro Orfeu Negro: Entre a Beleza do Carnaval e as Sombras… Leia mais 03/03/2025 O Palhaço O Palhaço Por Danielle Delaneli “O Palhaço”, dirigido por Selton… Leia mais 01/03/2025 Um Filme de Cinema (2017) Um filme de cinema (2017) Crianças sendo crianças… Sem spoiler… Leia mais 25/02/2025 Cinema Paradiso Cinema Paradiso: Uma Ode à Magia do Cinema e à… Leia mais 19/02/2025 Cinderela Baiana (1998) Cinderela Baiana (1998) Um clássico do cinema brasileiro? Por Ricardo… Leia mais 18/02/2025 Carregar mais O Projeto A Sala afirma que todos os textos do site são de responsabilidade do próprio autor.

Cidade de Deus

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Críticas Cidade de Deus: Um Retrato Realista da Vida nas Favelas Cariocas Por Danielle Delaneli Lançado em 2002 e dirigido por Fernando Meirelles e Kátia Lund, “Cidade de Deus” é um filme que permanece relevante e impactante, mesmo mais de duas décadas após seu lançamento. Baseado no livro homônimo de Paulo Lins, o longa-metragem oferece um olhar profundo sobre a vida nas favelas do Rio de Janeiro, especificamente na comunidade que dá nome ao filme. Ao longo de suas mais de duas horas de duração, o filme narra a ascensão do crime organizado na favela, entrelaçando histórias de diversos personagens que lutam para sobreviver em um ambiente marcado pela violência e pela desigualdade social. Narrativa e Estilo VisualUma das características mais marcantes de “Cidade de Deus” é sua narrativa não linear. O filme apresenta eventos fora de ordem cronológica, o que cria um efeito dinâmico e envolvente. Essa estrutura permite que o espectador tenha uma visão ampla do contexto social e histórico da favela, enquanto se aprofunda nas vidas dos personagens. A direção é complementada por uma cinematografia vibrante, que utiliza ângulos inusitados e uma paleta de cores rica para capturar tanto a beleza quanto a brutalidade da comunidade. A escolha do elenco também merece destaque. Os atores, muitos dos quais eram moradores da favela ou tinham experiências semelhantes, trazem uma autenticidade impressionante às suas performances. Alexandre Rodrigues, que interpreta Buscapé, é o protagonista que narra sua própria história, passando por transformações significativas ao longo do filme. Sua jornada é uma representação poderosa da busca por sonhos em meio à desesperança. Temas Centrais“Cidade de Deus” aborda vários temas complexos, incluindo a desigualdade social, a marginalização e a violência sistêmica. O filme não tenta romantizar a vida na favela; em vez disso, ele expõe as duras realidades enfrentadas pelos moradores. A violência é onipresente e retratada de maneira visceral. Cenas impactantes mostram não apenas os efeitos devastadores do tráfico de drogas, mas também as dinâmicas sociais que permitem que esse ciclo continue. Outro aspecto importante é a questão da esperança e da desilusão. Embora muitos personagens busquem uma forma de escapar da vida violenta que os cerca, o filme sugere que essas saídas são frequentemente impossíveis devido às circunstâncias estruturais que os aprisionam. Essa dualidade entre sonho e realidade permeia toda a obra e provoca reflexões profundas  sobre as oportunidades limitadas disponíveis para aqueles que vivem em contextos semelhantes. Impacto Cultural e SocialDesde seu lançamento, “Cidade de Deus” provocou discussões significativas sobre a representação das favelas no cinema brasileiro e internacional. O filme ajudou a colocar as questões sociais do Brasil em evidência no cenário global, gerando debates sobre como as mídias retratam comunidades marginalizadas. Embora tenha recebido aclamação crítica e várias indicações a prêmios internacionais, também enfrentou críticas por potencialmente reforçar estereótipos negativos associados aos moradores de favelas. Além disso, “Cidade de Deus” inspirou uma nova onda de cineastas brasileiros a explorar narrativas sociais complexas em seus trabalhos. O impacto do filme é visível em diversas produções subsequentes que buscam contar histórias autênticas sobre a vida nas favelas. A Representação das MulheresUm ponto frequentemente debatido em críticas sobre “Cidade de Deus” é o papel das mulheres na narrativa. Embora o filme seja dominado por personagens masculinos envolvidos no tráfico e na violência, as mulheres também desempenham papéis significativos. Essas mulheres são retratadas como figuras resilientes, muitas vezes lutando contra as adversidades impostas pela sociedade patriarcal e pelas condições sociais desfavoráveis. No entanto, suas histórias poderiam ter sido mais exploradas para dar uma visão mais completa das vidas dentro da favela. Reflexões sobre a Representação e o Legado do FilmeO legado de “Cidade de Deus” vai além de sua narrativa impactante. O filme se tornou um marco na cinematografia brasileira, inspirando uma nova geração de cineastas a explorar temas sociais e culturais com uma abordagem mais realista. A obra também gerou um maior interesse internacional pela produção cinematográfica do Brasil, levando a uma série de colaborações e co-produções que ampliaram a visibilidade do cinema nacional. Além disso, “Cidade de Deus” provocou debates sobre a necessidade de uma representação mais equilibrada e diversificada das comunidades marginalizadas no cinema. Enquanto o filme é amplamente elogiado por sua autenticidade, também é importante reconhecer as críticas que surgiram em relação à forma como as narrativas sobre favelas podem ser simplificadas ou estereotipadas. Essa discussão é vital para garantir que as vozes dos moradores sejam ouvidas e respeitadas na criação de histórias que os envolvem.  O Impacto na Música e na Cultura PopA influência de “Cidade de Deus” também se estendeu à música e à cultura pop. A trilha sonora do filme, que mistura ritmos brasileiros como o samba e o funk com elementos do hip-hop, teve um papel crucial na popularização desses gêneros fora do Brasil. Músicas associadas ao filme tornaram-se hinos para muitos jovens que se identificam com as experiências retratadas na tela. Artistas brasileiros, tanto no cinema quanto na música, frequentemente citam “Cidade de Deus” como uma fonte de inspiração em suas obras. O filme não só abriu portas para novos talentos, mas também incentivou uma exploração mais profunda das questões sociais que permeiam a vida nas favelas. Educação e EmpoderamentoOutro aspecto importante do legado de “Cidade de Deus” é seu papel na educação e no empoderamento das comunidades afetadas pela violência. Diversas organizações não governamentais (ONGs) foram criadas após o lançamento do filme, visando oferecer oportunidades educacionais e culturais para jovens em favelas. Essas iniciativas buscam combater o ciclo da pobreza e da criminalidade, proporcionando alternativas viáveis através da arte, da educação e do esporte. Esses programas muitas vezes utilizam o próprio filme como uma ferramenta pedagógica para discutir questões sociais e incentivar os jovens a expressar suas próprias histórias. Ao fazer isso, eles ajudam a construir uma nova narrativa sobre a vida nas favelas, destacando não apenas os desafios, mas também as esperanças e os sonhos dos moradores. Uma Nova Geração de NarrativasNos anos desde o lançamento de “Cidade de Deus”, uma nova onda de filmes e documentários tem surgido com foco nas favelas brasileiras, explorando diferentes aspectos da cultura e da resistência nas comunidades marginalizadas. Essas produções têm contribuído para um diálogo mais amplo sobre as realidades enfrentadas pelos moradores das favelas, enriquecendo ainda mais

Um guia para a maratona do Oscar

maratona oscar

Críticas Um guia para a maratona do Oscar Por Larissa Blanco Falta menos de um mês para a cerimônia do Oscar, prêmio esse que é amado e odiado em igual maneira pela comunidade cinéfila. Eu gosto de acompanhar porque acho legal, imagino que seja uma sensação semelhante à de quem acompanha esportes, e diz que “o time não tem mais jeito, todos estão vendidos”, mas acompanha mesmo assim e se diverte quando acerta uma previsão imprevisível. Cada um tem seus hobbies, não é mesmo? Essa temporada tem todo um gostinho especial com “Ainda estou aqui” indicado a três categorias, e com chances reais de levar duas delas. E também está cheia de barraco e confusão, que não é algo inédito, sempre tem algum exagero, mas nunca vi nada no nível do que está acontecendo esse ano. Mas esse não é o assunto agora. Vim trazer para vocês um guia de como e onde assistir os filmes que estão indicados, para facilitar a maratona de vocês. NetflixPode ser o maior dos streamings do momento, e alguns filmes já estão por lá:Wallace e Gromit: Avengança – indicado a animaçãoBatalhão 6888 – indicado a canção original (fiquem de olho porque pode ser o vencedor da categoria!!)The only girl in the orchestra – indicado a documentário de curta metragemUma observação: A Netflix é citada na campanha de Emilia Perez porque é a distribuidora do filme nos EUA. Aqui no Brasil ele tem outra distribuidora, por isso tem um calendário diferente. Prime VideoO streaming é o local para encontrar filmes que estão em aluguel digital. Agora, no catálogo regular, o único filme do Oscar ainda irá chegar, no dia 27 de fevereiro é Nickel Boys, indicado a melhor filme. MaxO streaming do grupo Warner é a casa de Duna parte 2, indicado a melhor filme e algumas (poucas) coisas mais. Disney+Como sempre, a Disney emplaca um indicado a melhor animação, e Divertidamente 2 pode ser assistido na plataforma.Lá também estão dois filmes indicados na categoria de efeitos especiais: Alien Romulus e Planeta dos macacos: o reinado, além do documentário do Elton John (Never too late) que tem uma canção original indicada e Sugarcane, indicado em documentário. MubiO streaming queridinho dos cinéfilos tem dois filmes indicados esse ano:A substância, indicado a melhor filme, direção, roteiro original, atriz e maquiagem.A garota da agulha, indicado a filme internacional. CinemasA maioria dos indicados de maior destaque estão no cinema no momento. Acaba sendo uma estratégia das distribuidoras brasileiras lançá-los nesse momento, para aproveitar o boca a boca e o interesse que a premiação gera. Mas como cada distribuidora funciona de um jeito, nem todos os filmes chegam em todas as cidades do país. Estão em cartaz:Ainda estou aqui, sucesso onde passa, está em cartaz desde novembro e que alegria que é ver a jornada desse filme!Anora, indicado a melhor filme, atriz e outros prêmios. Venceu a Palma de Ouro em Cannes no ano passado.Conclave, indicado a melhor filme, ator, e outros prêmios.A semente do fruto sagrado, indicado a filme internacional, que poderia ter uma narrativa de vencedor se fosse um ano menos movimentado para a categoria.Emilia Perez, o filme mais indicado deste ano e protagonista de todas as polêmicas dessa temporada.A verdadeira dor, o filme favorito a levar ator coadjuvante.Nosferatu, que só está indicado em categorias técnicas mas que é um filmão.Setembro 5, que está indicado a roteiro, mas acho que todo mundo esqueceu que ele existe.Maria, que está indicado a melhor fotografia porque todo mundo ama o trabalho do Edward Lachman.Better man, indicado a efeitos visuais.Sing sing, indicado a melhor ator e canção original, chega aos cinemas dia 13/02O Brutalista, indicado a melhor filme e outros prêmios, chega aos cinemas dia 20/02Flow, a animação da Letônia, feita todo no Blender, indicada a animação e filme internacional, chega aos cinemas dia 20/02.Um completo desconhecido, cinebiografia do Bob Dylan, indicado a melhor filme e outros prêmios, chega ao cinema dia 27/02 Aluguel digitalO grande limbo dos filmes que acabaram de sair do cinema, além de alguns que, por diversos motivos relacionados a sua distribuição e direitos autorais, não chegaram a nenhum catálogo de streaming. Wicked é um caso de filme que saiu há pouco dos cinemas e ainda é muito cedo para estar em algum lugar sem taxa adicional, assim como Robô selvagem e Gladiador 2. Lembram da época que cogitavam que Gladiadois seria indicado a melhor filme? Bons tempos (novembro). O Aprendiz também está nessa situação, filme que surpreendeu com a indicação de melhor ator. Eu não entrei muito em detalhes nos curtas e documentários, porque não acompanho muito essa parte. Mas é interessante notar que, dos longas de ficção, só um ainda não tem data nem distribuição confirmada no Brasil: o maravilhoso “Memoirs of a snail”, stop motion do Adam Elliot, indicado a categoria de animação. Mas se souberem procurar, dá pra achar. E aproveitem que estão nas águas da internet e procurem “Mary e Max” do mesmo diretor e aproveitem a dose dupla de melancolia australiana. Leia Também Orfeu Negro Orfeu Negro: Entre a Beleza do Carnaval e as Sombras… Leia mais 03/03/2025 O Palhaço O Palhaço Por Danielle Delaneli “O Palhaço”, dirigido por Selton… Leia mais 01/03/2025 Um Filme de Cinema (2017) Um filme de cinema (2017) Crianças sendo crianças… Sem spoiler… Leia mais 25/02/2025 Cinema Paradiso Cinema Paradiso: Uma Ode à Magia do Cinema e à… Leia mais 19/02/2025 Cinderela Baiana (1998) Cinderela Baiana (1998) Um clássico do cinema brasileiro? Por Ricardo… Leia mais 18/02/2025 Carregar mais O Projeto A Sala afirma que todos os textos do site são de responsabilidade do próprio autor.

A garota ideal

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Críticas Resenha de “A garota ideal” (2007) E você achando que a primeira vez que o Ryan Gosling se apaixonou por uma boneca foi em “barbie”… Sem spoiler Por Ricardo Rodrigues Já vi cenas desse filme em compilados de memes na internet, principalmente sobre o ator Ryan Gosling mas recentemente me permiti uma chance para assistir, e fui surpreso positivamente… O filme apesar de possuir uma premissa relativamente simples, muda da água para o vinho entre o segundo ato e o clímax. No longa, conhecemos Lars (Ryan Gosling) um homem extremamente tímido que não interage muito socialmente – mas consegue trabalhar e ir a igreja aos domingos. O irmão de Lars – Gus (Paul Schneider) é casado com Karin (Emily Mortimer) que possui um fascínio para a socialização de Lars, praticamente Karin fica forçando a barra para que Lars jante com o irmão, o agarrando e nitidamente deixando em uma situação bem desconfortável. Tudo muda quando o colega de trabalho de Lars – Kurt (Maxwell McCabe-Lokos) mostra um site para comprar bonecas sexuais reais, Lars escolhe a aparência da mulher ideal e isso é o estopim para a narrativa do filme.  Acontece que Lars encontrou em Bianca (boneca) uma relação afetuosa que não construiu com nenhuma outra pessoa. O fato de mostrar isso para outras pessoas gera um tom de humor ácido, cenas hilariantes (e desconfortáveis também) e ao mesmo tempo, emotivas… O roteiro de Nancy Oliver toma um rumo completamente inesperado, a ponto do espectador ter empatia por Bianca ao mesmo tempo que acompanhamos a evolução comportamental de Lars, que vai ficando mais sociável a medida que o relacionamento com Bianca avança (aliás, um adentro: em momento algum no filme, mostra uma relação sexual de Lars e Bianca). Inclusive, o casal possui até uma discussão de relacionamento acalorada, e a “morte” de Bianca é emotiva com toda a comunidade e ao mesmo tempo que é um recomeço para Lars.  O longa possui 102 minutos, vale muito a pena assistir pois possui um ritmo descontraído e leve – está disponível no prime video e na mubi… se eu pudesse avaliar esse filme, eu daria 4 estrelas de cinco. Leia Também Orfeu Negro Orfeu Negro: Entre a Beleza do Carnaval e as Sombras… Leia mais 03/03/2025 O Palhaço O Palhaço Por Danielle Delaneli “O Palhaço”, dirigido por Selton… Leia mais 01/03/2025 Um Filme de Cinema (2017) Um filme de cinema (2017) Crianças sendo crianças… Sem spoiler… Leia mais 25/02/2025 Cinema Paradiso Cinema Paradiso: Uma Ode à Magia do Cinema e à… Leia mais 19/02/2025 Cinderela Baiana (1998) Cinderela Baiana (1998) Um clássico do cinema brasileiro? Por Ricardo… Leia mais 18/02/2025 Carregar mais O Projeto A Sala afirma que todos os textos do site são de responsabilidade do próprio autor.

E o vento levou: Resenha

Resenha e o vento levou

Críticas Resenha de “E o vento levou” Por Danielle Delaneli “E o vento levou” não é apenas um filme; é uma experiência cinematográfica que mergulha o espectador em um mundo repleto de contrastes, emoções e simbolismos. A narrativa, ambientada no sul dos Estados Unidos durante a Guerra Civil e a Reconstrução, é um pano de fundo perfeito para explorar as  complexidades da vida de Scarlett O’Hara, uma mulher forte e determinada que luta para se manter à tona em meio ao caos. A paleta de cores desempenha um papel crucial na narrativa visual do filme. O uso do laranja para evocar a guerra não é apenas uma escolha estética; é uma representação visceral do tumulto emocional que Scarlett enfrenta. Este tom quente, associado ao fogo e à destruição, reflete a dor e a angústia que permeiam sua vida. Ao mesmo tempo, o verde do veludo do seu vestido simboliza esperança e renovação, embora contrastado com o ambiente desolado. Essa dualidade nas cores não só ilustra o estado emocional da protagonista, mas também sugere a luta entre a beleza e a devastação que existe na vida. A direção cuidadosa é evidente em cada cena. A famosa sequência em que Scarlett faz seu juramento é um exemplo brilhante dessa maestria. A transição da escuridão para o close emocional serve para amplificar a intensidade daquele momento decisivo. A câmera se torna uma extensão da própria Scarlett, capturando suas emoções mais profundas e permitindo que o público se conecte com sua dor e determinação. O uso do plano detalhe ao pegar algo do chão mostra não apenas um gesto físico, mas também simboliza uma nova resolução — um renascimento em meio à tragédia. Os figurinos também são dignos de nota. O vestido vermelho de Scarlett não é apenas uma peça de vestuário; ele encapsula sua força e resiliência. Quando ela aparece vestida dessa forma, transmite uma imagem poderosa que desafia as normas sociais da época. Essa representação visual se torna um símbolo de sua luta por independência e autoconfiança em um mundo dominado por homens. As escadas são outro elemento significativo no filme. Elas aparecem em momentos cruciais da trajetória de Scarlett, servindo como metáforas visuais para suas ascensões e quedas emocionais. As escadas podem ser vistas como barreiras ou oportunidades —dependendo do contexto — refletindo as complexas escolhas que ela precisa fazer ao longo da história. Cada degrau representa um passo na sua jornada pessoal, seja para cima ou para baixo. Além disso, a trilha sonora complementa perfeitamente os elementos visuais, intensificando as emoções transmitidas nas cenas. As músicas evocativas ajudam a criar uma atmosfera que transporta o espectador para dentro do universo de Scarlett, fazendo com que cada triunfo e cada perda ressoe ainda mais profundamente. Além dos aspectos já mencionados, é importante destacar a complexidade das relações interpessoais em “E o vento levou”. A dinâmica entre Scarlett e Rhett Butler é fascinante e multifacetada. Rhett, interpretado de maneira magistral, é tanto o amante quanto o antagonista de Scarlett. Sua presença na vida dela representa tanto uma fonte de força quanto um desafio constante. A tensão entre eles é palpável, e suas interações são carregadas de um desejo intenso, mas também de frustração e desilusão. Essa dualidade enriquece a narrativa, mostrando que o amor nem sempre é simples ou romântico, mas pode ser tumultuado e cheio de nuances. Outro ponto a ser explorado é a representação da sociedade sulista da época. O filme não apenas retrata a vida de Scarlett em sua busca por sobrevivência, mas também fornece uma visão da cultura e dos valores que permeavam o sul dos Estados Unidos antes e depois da Guerra Civil. A idealização do passado, com seus bailes e tradições, contrasta com a dura realidade da guerra e suas consequências. Essa crítica social se torna um pano de fundo para o desenvolvimento da personagem principal, que precisa se adaptar a um mundo em mudança. Além disso, a questão racial não pode ser ignorada. O filme apresenta uma visão romantizada da escravidão e do sul rural, o que gerou controvérsias ao longo dos anos. Personagens como Mammy e Prissy são essenciais na narrativa, mas suas histórias são frequentemente moldadas pela perspectiva dos brancos. Isso levanta uma discussão importante sobre como as narrativas históricas podem ser distorcidas ou simplificadas, desconsiderando as vozes daqueles que realmente vivenciaram as injustiças. Por fim, a música tema “Tara’s Theme” é uma composição icônica que encapsula a essência do filme. Sua melodia nostálgica evoca sentimentos de saudade e perda, refletindo o anseio de Scarlett por um lar seguro em tempos tumultuados. Essa trilha sonora se torna quase um personagem por si só, guiando os espectadores através das emoções da história e destacando momentos cruciais. “E o vento levou” é uma obra-prima atemporal que combina elementos visuais deslumbrantes com uma narrativa emocionalmente rica. Cada aspecto — desde as cores vibrantes até os figurinos significativos e as escolhas de enquadramento — contribui para a criação de uma experiência cinematográfica inesquecível. É um filme que não só narra a história de Scarlett O’Hara, mas também provoca reflexões sobre amor, perda e a luta pela sobrevivência em tempos difíceis. O Projeto A Sala afirma que todos os textos do site são de responsabilidade do próprio autor.

Filmes esquecidos do Oscar

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Críticas Filmes esquecidos do oscar Por Larissa Blanco Semana passada saiu a lista com as indicações do Oscar 2025, aquela que é considerada a maior festa do cinema, apesar do foco apenas em produções norte-americanas. E esse é mais um momento de uma tumultuada temporada de premiações, que pode ser mais lembrada no futuro por seus eventos caóticos do que pelo vencedor em si, que é desconhecido, não existem grandes favoritos por enquanto. Se não fosse o destaque de “Ainda estou aqui” essa temporada seria terrivelmente chata, e tenho pena dos gringos que não conhecem essa emoção de tamanha alegria coletiva.  Mas sempre que sai a lista de indicados a algum prêmio, cada um faz sua própria lista de filmes injustiçados. E aqui quero falar de alguns filmes que poderiam estar indicados, não foram, mas não é por isso que não merecem sua atenção. Afinal não é porque estamos participando agora que vamos esquecer que o Oscar é, antes de tudo, um concurso de popularidade. Look Back Dirigido por Kiyotaka Oshiyama Essa animação japonesa chegou discretamente no catálogo do Prime Vídeo no ano passado e conquistou todos que assistiram. Baseado num manga de mesmo nome e com caráter semi auto biográfico, o filme acompanha uma garota que gosta muito de desenhar e sonha se tornar uma mangaká. O caminho dela se cruza com uma outra jovem talentosa, mas muito reclusa, e elas iniciam uma amizade que durará anos. Como alguém que já sonhou trabalhar com arte e sabe como essa carreira é 80% esforço e 20% talento, gosto como o filme não romantiza essa vida. São muitos sentimentos evocados na sua duração singela, com menos de uma hora de duração. Como fazer milhões antes que vovó morra Dirigido por Pat Boonnitipat Filme selecionado pela Tailândia para a categoria de filme internacional, entrou na shortist mas acabou ficando de fora das indicações. É uma obra belíssima, que se usa muito do melodrama mas sem ser clichê ou ter os dramas óbvios de um embate geracional. M é um jovem adulto que vive com sua mãe e de vez em quando vê sua vó idosa. Quando ela recebe um diagnóstico não muito bom, o rapaz começa a se aproximar dela, inicialmente por um pedido da mãe, depois por uma ambição de herdar alguma coisa, e finalmente por vontade própria por causa da conexão criada. É um filme onde os pequenos momentos brilham, e tornam tudo especial. Com certeza vai arrancar algumas lágrimas. Ele teve um lançamento no cinema no ano passado e por enquanto está naquele limbo de não estar em nenhum lugar além das tumultuadas águas da internet. Rivais Dirigido por Luca Guadagnino A academia odeia o diretor italiano, ele lançou dois filmes no ano passado e nenhum entrou na lista de indicados. Como não assisti “Queer” ainda, vou focar em “Rivais” que é um dos meus filmes favoritos do ano passado. É um filme de uma maturidade e uma complexidade emocional que eu sentia falta no cinema “comercial” norte americano. Falar que é um filme de triângulo amoroso é simplificar demais, mas também é um bom jeito de vendê-lo. Uma ex jogadora de tênis é a treinadora de seu marido, também jogador, que já teve uma carreira brilhante, mas anda em declínio. Para tentar anima-lo, ela o inscreve num torneio pequeno, onde eles encontram seu maior rival e antigo melhor amigo. Uma salada de relacionamentos, parece complicado mas não é. Rivais tem a melhor edição de um filme que vi em 2024, sua linha do tempo vai e volta, ele é montado como se estivéssemos assistindo uma partida de tênis. E a trilha sonora também é uma das melhores, o esnobe que mais doeu nesse ano. O filme está disponível no Prime video. Leia Também Orfeu Negro Orfeu Negro: Entre a Beleza do Carnaval e as Sombras… Leia mais 03/03/2025 O Palhaço O Palhaço Por Danielle Delaneli “O Palhaço”, dirigido por Selton… Leia mais 01/03/2025 Um Filme de Cinema (2017) Um filme de cinema (2017) Crianças sendo crianças… Sem spoiler… Leia mais 25/02/2025 Cinema Paradiso Cinema Paradiso: Uma Ode à Magia do Cinema e à… Leia mais 19/02/2025 Cinderela Baiana (1998) Cinderela Baiana (1998) Um clássico do cinema brasileiro? Por Ricardo… Leia mais 18/02/2025 Carregar mais O Projeto A Sala afirma que todos os textos do site são de responsabilidade do próprio autor.

Attenberg

Attenberg

Críticas Attenberg (2010) Dirigido por uma mulher, esse filme é o puro suco da estranha onda grega. Sem spoiler Por Ricardo Rodrigues Attenberg (2010) imagem do google Attenberg é um filme que é pouco comentado, mas que de fato merece atenção. Boa parte disso se deve ao fato das pessoas não saberem ao certo o gênero “estranha onda grega” e tampouco sobre a diretora do longa, a Athina Rachel Tsangari. Muitas pessoas acreditam que Attenberg é de Yorgos, mas na verdade ele apenas faz uma atuação no longa.  Se você não faz a menor ideia do que seja a estranha onda grega, vou tentar explicar brevemente: trata-se de um gênero contemporâneo de cinema oriundo na Grécia após a crise que o país enfrentou a partir dos anos 2000. Em suma, os filmes abordam famílias desfuncionais, crises psicólogas, estranhamento, aversão aos padrões da sociedade, exploração de novas vivências (ênfase sexual) entre outros. De fato, não é todo mundo que gosta desse gênero, mas vale a pena conhecer. Em Attenberg conhecemos Marina (interpretada por Ariane Labed), uma mulher que mora e cuida do pai extremamente doente em uma cidade industrial. Devido a essas condições, ela fica reclusa ou seja, não socializa com as outras pessoas (exceto com a amiga Bella). Marina então fica a mercê de almejar as descobertas da vida e cuidar do pai doente, e a amiga Bella (Evangelia Randou) ajuda nesse processo com a prática de beijos (cena presente no início do filme e trailer inclusive). Attenberg trata-se de um filme de descobertas e conflitos, uma pessoa que não tem contato com a sociedade, não possui um discernimento do que seria socialmente aceito e tampouco de atitudes polidas. Attenberg subverte isso de maneira provocadora e de certa forma cômica também (o humor é causado pela estranheza no caso). Com uma premissa relativamente simples, a trama se desenvolve para algo mais complexo do que estamos assistindo, que exige do espectador um exercício de empatia e ao mesmo tempo de desconstrução interna do que seria estranho e comum. De fato é uma pena que esse filme não seja tão conhecido, creio que pelo próprio fato do filme ser dirigido por uma mulher (os homens levam os créditos facilmente em um mundo patriarcal) e também por ser feito em 2010, e ser feito na Grécia (o cinema grego não é tão conhecido pela massa, é mais o cinema norte americano mesmo). Em suma, é um filme que não irá agradar a todos porque possui um ritmo lento mas com excelentes atuações e uma fotografia belíssima, mas vale a pena assistir como próprio exercício de desconstrução de pensamento. Mulheres diretoras sempre abordam sexualidade, conflitos e papéis sociais de gênero de uma maneira bem diferente dos homens, por causa disso que sim, eu indico você assistir Attenberg. O longa possui nota 6,2 de 10 no IMBD (considerado na média) mas se eu pudesse avaliar em uma nota de zero a cinco eu daria 3. Leia Também Orfeu Negro Orfeu Negro: Entre a Beleza do Carnaval e as Sombras… Leia mais 03/03/2025 O Palhaço O Palhaço Por Danielle Delaneli “O Palhaço”, dirigido por Selton… Leia mais 01/03/2025 Um Filme de Cinema (2017) Um filme de cinema (2017) Crianças sendo crianças… Sem spoiler… Leia mais 25/02/2025 Cinema Paradiso Cinema Paradiso: Uma Ode à Magia do Cinema e à… Leia mais 19/02/2025 Cinderela Baiana (1998) Cinderela Baiana (1998) Um clássico do cinema brasileiro? Por Ricardo… Leia mais 18/02/2025 Carregar mais O Projeto A Sala afirma que todos os textos do site são de responsabilidade do próprio autor.