Projeto A Sala

Críticas

Especial: Chaves (1973-1992)

Sobre chaves só existem 3 tipos de opções: amar, odiar ou quem não assistiu ainda.

Com um pouco de spoiler

Por Ricardo Rodrigues

chaves especial
Chaves é um seriado que foi exibido no México no ano de 1973 e durou até 1992. Aqui no Brasil, estreou em 1984 teve muitas idas e vindas e atualmente (2025) compõe a grade do canal SBT.
Basicamente, acompanhamos a vida do garoto órfão apelidado de “Chaves” – ninguém sabe ao certo o nome dele. Por se tratar de uma criança, existe muita inocência, brincadeiras e respostas afiadas… Com um núcleo vasto, repleto de personagens com personalidades distintas, acabam criando fluidez na temporada.
 
Porque as pessoas gostam tanto de Chaves? 
(Vou listar algumas razões para responder esse questionamento)
  • No espaço tempo, fazia sentido

Quero dizer, anos 90 foram caóticos para a televisão brasileira (banheira do Gugu é um bom exemplo disso) e os anos 70/80 eram tão caóticos ou até mais. A maioria das pessoas não tinham o senso crítico que se tem hoje, muita coisa passava despercebido como “humor disfarçado”.

  • Atuações boas

Mesmo se tratando de adultos caracterizados de crianças, as atuações eram boas e fluidas, principalmente o personagem “seu madrugada” que parece ser um brasileiro na meia idade.

  • Baixo orçamento com resultado satisfatório

A maioria dos episódios de Chaves ocorrem em um cenário ou dois no máximo, mesmo a locação e cenografia limitada não impede que o episódio seja ruim, garante um ar verossímil principalmente porque representa muitas casas de famílias brasileiras naquele período.

  • Roteiro intrigante

As piadas, atuações e improvisos eram certeiros. Em algumas cenas era possível notar inclusive a própria equipe rindo (mesmo usando background de risadas, conseguimos notar risos reais dos bastidores) e as situações eram cômicas que de fato os atores “se arriscavam” muito, um clássico exemplo é os famigerados tapas que a dona Florinda dava principalmente no seu madruga.

  • Mensagens de vida?

Se engana quem acha que chaves “não tem nada a ensinar”, por se tratar de uma série dos anos 70/80 existia sim uma preocupação com “lições de moral”. E existem vários momentos da série que são comoventes.

 
E quem não gosta, o que tem a dizer?
São algumas razões, todas o oposto das mencionadas acima:
 
  • Adultos interpretando crianças?

A caracterização fica grotesca principalmente ao passar dos anos, na década de 90 (que não chegou a ser exibido aqui no Brasil pelo SBT) notamos isso com força. O corpo muda e o tempo passa, ficando realmente esquisito os adultos interpretarem personagens infantis.

  • Politicamente incorreto?

Tem alguns episódios que fazem “piada” com homofobia, dando a entender que ser gay fosse a coisa mais absurda do mundo. Outra questão problemática também é o personagem “seu barriga” que devido ao nome e seu porte físico, sofre gordofobia constantemente por todos os personagens, entre outras coisas que obviamente não cabem aos dias atuais.

  • Roteiro preguiçoso

Vários episódios são readaptados, ou seja, contados de uma maneira diferente, alterando pouca coisa do roteiro e várias piadas do roteiro também não fazem sentido, ficando algo desconexo.

  • Figurino limitado

Praticamente em todas as temporadas, o figurino dos personagens não muda, exceto um detalhe ou outro. A impressão que causa ao expectador é que os personagens não tomam banho.

  • Violência excessiva?

Principalmente no primeiro ano, os episódios eram caóticos do tipo “tiro porrada e bomba” (mas sem tiros e bombas). Todos apanhavam e era “bem explícito”, ou seja, não era algo muito agradável de se ver. As ofensas iam além da agressão física, iam para a violência verbal também (ofensas, mas sem falar palavra de baixo calão).

 
Análise rápida dos principais personagens:
  • Seu Madruga 

Pai solo (viúvo) de uma menina, faz alguns bicos mas não tem emprego fixo e não consegue pagar o aluguel. 

  • Chiquinha

Filha do Seu Madruga, esperta e sempre com a língua afiada mas respostas. 

  • Chaves 

Órfão, mora em um barril e vive se metendo em confusões diversas.

  • Quico 

Filho único muito mimado pela mãe.

  • Dona Florinda 

Viúva tipicamente classe média no Brasil que tem “aversão” a pobre (se acha rica mas não é).

  • Professor Girafales 

Típico homem “bom e sério”, na verdade paquera a mãe do aluno e é arrogante, se acha melhor que os outros.

  • Seu Barriga 

Dono da vila, cobra aluguel das pessoas e sempre acaba apanhando “sem querer” do chaves.

  • Dona Clotilde 

Uma mulher que nunca se casou, tem um crush no seu madrugada mas nunca é correspondida.

 
Conclusão do autor: Por mais que seja algo nostálgico, não é a minha primeira opção de assistir. Acredito que acabou envelhecendo demais e não vejo graça (ainda mais com o senso crítico que tenho hoje, não consigo “dar risada” das situações mostradas), mas, para quem quiser assistir ou tiver curiosidade é possível pelo aplicativo SBT+ (gratuito no Google play) e também no YouTube encontra alguns episódios disponíveis. Se você é fã de Chaves, tem um canal no YouTube que recomendo, chamado “vila do chaves”. O apresentador (Renan Garcia) faz vídeos bem explicativos sobre curiosidades diversas e informações sobre o seriado. Os vídeos são bons e apresentam roteiro e pesquisa de qualidade.
 

Leia Também

Final Girls

Final Girls

Críticas Final Girls Por Danielle Delaneli As “Final Girls” são...

Leia mais

O Projeto A Sala afirma que todos os textos do site são de responsabilidade do próprio autor.