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Críticas

Exploradas e sexualizadas: a história não é tão simples assim pt.3

Por Sara Freitas @fabricadohorror

Exploradas e sexualizadas projeto a sala

A teoria do “olhar masculino”, termo batizado por Laura Mulvey, uma feminista britânica da teoria do cinema como “male gaze”, descreve o gênero terror como uma representação desumanizadora e sexualizada da imagem feminina. Levando a acreditar que a mídia retrata as mulheres pelo olhar masculino, do modo como são observadas pela perspectiva masculina. 

Assim, seguindo o mesmo raciocínio de Mulvey, as personagens femininas são castigadas de acordo com as regras patriarcais da época. Um exemplo disso é o longa-metragem “Psicose” do diretor Hitchcock, de 1960, que é considerado a primeira obra cinematográfica a apresentar um casal de não casados, na mesma cama juntos, já que tal representação foi proibida até 1968 pelo “Código de Hays”; um conjunto de normas morais aplicadas aos filmes lançados nos Estados Unidos originado em 1930.

Esse código de censura proibia desde a representação de relações inter-raciais, à perversão sexual, conotações a respeito da igreja e críticas ao governo, praticamente uma ditadura ética em Hollywood. Mulvey afirmava que a mulher está na cultura patriarcal como um significante para o outro masculino, limitada por uma ordem simbólica na qual o homem pode viver suas fantasias e obsessões através do comando linguístico, impondo-as à imagem silenciosa de uma mulher ainda presa ao seu lugar. como portadora de significado, não criadora de significado.

Porém, ao pesquisar extensivamente todos os lados da moeda deste conceito social, comportamental, histórico e político que se trata a exploração sexual da imagem feminina, não deixo de notar a exploração propagandista em relação ao papel do homem no cinema. 

O diretor Eli Roth, conhecido por inúmeros longa-metragens do gênero, onde o mesmo aborda tortura, sexo e prazer em suas cenas, como “Hostel” de 2005, aborda uma corrente de ansiedade sobre o lugar dos corpos de gênero no cinema.

Quando falo “corrente de ansiedade”, me refiro à conexão entre a igualdade de gênero, conteúdo explícito, globalização e o comportamento obsessivo capitalista americano, considerando tanto a imagem feminina quanto a masculina objetos mercantilizados dentro de qualquer narrativa.

No meio do sangue e tripas sendo brutalmente arrancadas nas obras de Eli, a visão do diretor é a de demonstrar como o papel dos corpos no gênero está relacionado à globalização e ao comportamento capitalista obsessivo americano.

Roth usa a imagem feminina e masculina como objetos mercantilizados dentro da narrativa da mesma maneira como o capitalismo exerce a exploração brutal de animais e pessoas. Os personagens de ambos os filmes são representados como consumíveis e descartáveis ​​e objetos suscetíveis à exploração do capitalismo. 

Na próxima semana iremos abordar com profundidade no Projeto a Sala, os subgêneros do terror, o título de garota final, o título “a virgem”, e por fim o terror moderno.

Até lá folks !

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