Parece um conto de fadas brasileiro
Esse filme parece simples, mas aborda muita complexidade e questionamentos principalmente nas entrelinhas, as ações dos personagens falam mais do que os próprios diálogos – o que nos causa uma empatia, principalmente pela atuação impecável da atriz Hermila Guedes.
No longa, conhecemos Hermila (Hermila Guedes) uma mãe solo que volta para sua cidade natal no interior do Ceará na esperança da qual o pai do seu filho volte, e tenham uma família. Mas o passar do tempo mostra um tom agridoce, o homem não volta e Hermila se vê sem um propósito.
Querendo abandonar o interior a qualquer custo, mas completamente sem dinheiro, Hermila então tem uma ideia de rifar seu corpo para um homem por uma única noite, chamada “noite no paraíso” adotando assim o codinome “Suely”.
A rifa faz muito sucesso, até que chega ao conhecimento da família da Hermila (Suely) que desaprova a atitude.
O filme conta com 130 minutos, e pode ser assistido no globoplay e na Netflix, aborda liberdade sexual, empoderamento, relações familiares, dificuldades socioeconômicas, discriminação, abandono parental, relacionamentos e desilusão amorosa.
É um filme nu, cru e com uma direção incrível de Karim Aïnouz (as câmeras são estáticas, lembrando quase uma novela) nos garante uma proximidade com os personagens. Gravado nos anos 2000, temos um granulado natural (ocasionado pela resolução câmera utilizada), principalmente no início do filme onde enxergamos o sonho de Suely – Hermila, no qual o espectador desavisado pode até achar que se trata de um conto de fadas ou filme de romance, mas o desenvolvimento da trama nos mostra algo bem mais complexo que isso.