Projeto A Sala

Críticas

O Desafio das Mulheres Diretoras no Oscar:

Uma Luta por Reconhecimento

Por Danielle Delaneli

Jane Campion: recebendo o oscar
Jane Campion

Historicamente, as mulheres enfrentaram barreiras significativas para serem reconhecidas em papéis de liderança dentro da indústria cinematográfica. Embora muitas mulheres tenham contribuído enormemente como roteiristas, diretoras e produtoras, elas frequentemente foram sub-representadas nas categorias principais do Oscar. Por muitos anos, a maioria dos prêmios de Melhor Direção e Melhor Filme foi dominada por homens, refletindo uma cultura mais ampla de desigualdade de gênero no cinema.

Nos últimos anos, no entanto, a Academia tem se esforçado para mudar essa narrativa. Iniciativas como a inclusão de mais membros femininos em suas fileiras e a criação de comitês focados na diversidade têm sido implementadas. Além disso, as vitórias de diretoras como Kathryn Bigelow e a crescente visibilidade de filmes dirigidos por mulheres têm ajudado a abrir espaço para novas vozes.

No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer. Muitas críticas surgem em relação à falta de reconhecimento para mulheres que fazem trabalhos inovadores e impactantes.

Em quase um século de história do Oscar, a conquista do prêmio de Melhor Direção por mulheres ainda é uma exceção notável. Apenas três cineastas conseguiram levar para casa essa estatueta tão cobiçada, representando apenas 3% dos vencedores na categoria, que até hoje premiou 101 diretores – 98 deles homens (Em 1929, 1962, 2008 e 2023 dois homens dividiram o prêmio). Essa disparidade é um reflexo das barreiras que as mulheres enfrentam na indústria cinematográfica.

A primeira mulher a ser indicada ao Oscar de Melhor Direção foi Lina Wertmüller, em 1977, por seu filme “Pasqualino Sete Belezas”, mas ela não levou o prêmio. Foi somente em 2010 que Kathryn Bigelow fez história ao ganhar o Oscar por “Guerra ao Terror”, tornando-se a primeira mulher a conquistar essa honraria. Mais de uma década depois, em 2021, Chloé Zhao venceu com “Nomadland”, e no ano seguinte, Jane Campion se destacou novamente, sendo a primeira mulher a receber duas indicações na categoria e levando o prêmio por “Ataque dos Cães”.

Apesar dessas conquistas, as mulheres continuam sub-representadas nas principais premiações do cinema. A participação feminina entre os indicados ainda é escassa, e muitos acreditam que a mudança só ocorrerá quando houver paridade de gênero entre os votantes e mais mulheres dirigindo filmes de grande orçamento.

Recentemente, outras diretoras foram indicadas ao Oscar, como Coralie Fargeat, única mulher entre os candidatos de 2025 com seu filme “A Substância”, e Justine Triet, que foi indicada em 2024 por “Anatomia de uma Queda”. No entanto, o progresso feminino nos bastidores da indústria parece ter estagnado, o que destaca a importância de continuar lutando por mais representatividade e oportunidades para as mulheres no cinema. A presença feminina nas direções de filmes não é apenas uma questão de justiça social; é essencial para enriquecer a narrativa cinematográfica e trazer novas perspectivas à tela.

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