Um retrato sobre a solidão.
Esse filme é um daqueles que vai prender sua atenção, independente de qualquer coisa… primeiro por ser gravado em primeira pessoa, acompanhamos em tempo real a narração e vivência de um geólogo que é enviado para o interior do nordeste brasileiro, narrando principalmente sobre a cidade pacata e os moradores que ali habitam.
Karin Ainouz (mesmo diretor de “céu de Suely”) consegue em pouco mais de 100 minutos carregar a solitude do protagonista, pior, nós ficamos mergulhados nela… o narrador personagem é José Renato (Irandhir Santos) que com sua atuação, promove uma imersão realista acerca da solidão principalmente em grandes viagens.
Um destaque no filme é o diálogo da personagem Paty (que é dançarina e faz programa nas horas vagas) que introduz o conceito de “vida lazer”: que para ela significa estar com a filha e com o companheiro ao lado, para esquecer esses momentos ruins que passou na vida, ressaltando ainda com a frase “é triste gostar sem ser gostada”. Esse pequeno vídeo viralizou no TikTok e Instagram, muitas pessoas assistiram o filme devido a isso.
A impressão a que temos assistido é que o próprio José Renato é quem está fazendo o filme, sem filtros, CGI, apenas com uma câmera na mão é capaz de transmitir emoção, veracidade, fúria, realidade com um toque bem pessoal e cru.
A cidade pacata, os moradores, as festas, os diálogos, e o trabalho, junto com as memórias amorosas de José são o palco perfeito para a poesia presente no cotidiano, principalmente a marginal (que fica às margens, não a poesia polida).
O filme está disponível no YouTube, caso alguém queira assistir realmente vale a pena.